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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PRECE PARA AS MUSAS 2


CALIOPE

Me ensinaste nesta vida
A eloqüência do traço,
Mil palavras num desenho
Poderão ser definidas:
É isto que hoje faço.
Será que o fatal momento
Me trará o esquecimento?
Perderei todo o engenho?
Aos teus pés, então eu rogo,
Abençoa minhas mãos,
Não me abandones jamais.
Se o sono vier logo
Apagando os sonhos vãos
Estando, então, ao teu lado,
Serei aluno aplicado
Para compreender-te mais.
Num delírio de carmim,
Mergulhado no amarelo,
Num azul redemoinho,
Traz o verde para mim,
Deixa-me exprimir o belo.
Da Terra, todos amores
Que se transformem em cores
E nunca estarei sozinho.


TERPSICORE

A graça que vem da graça,
O fluir do movimento,
Tão delicado gesto,
Suave passo da dança,
Todo o belo num momento,
Todo o vigor da ação,
Ao bater do coração...
Irmã, primitivo incesto.
Desce sobre mim teu dom,
Como um voo no infinito,
No vigor do salto certo.
Repercute em mim teu som,
Teu escravo mais bonito.
Dá um beijo em minhas mãos
Contém-me os gestos vãos
Mas o coração aberto.
Como em toda natureza
A harmonia reproduz,
Deixa-me pousar em ti,
Transportar tua beleza,
A face cheia de luz!
Como amante do artista,
Faz de mim protagonista
Eu que sempre a ti servi.

POLIMNIA

No princípio era o Verbo
E o Verbo estava em ti:
Foi assim que a luz se fez.
Da palavra fiz-me servo,
Mil abusos cometi
Como bruto diamante
Até ter-te como amante,
Ensinaste-me tuas leis.
Imperatriz da Babel!
Ilumina meu teclado
Traz prazer aos lábios meus...
Quando estiver no céu
Quero-te sempre ao meu lado
Estarei com a mente aberta
Minha alma toda alerta
Ao descerrares teus véus.
Uma tortuosa estrada
Que esconde mil tropeços_
Aprendi que assim é a vida_.
Mas eis o fim da jornada
Propondo novo começo.
Bem conheço o teu caminho
Não mais pisarei no espinho
Se me guiares, querida.


ERATO

Quantos cantam tua glória
E os prazeres do amor
Sem ter visto teu semblante?
Nenhum canto da memória
Guarda teu suave olor.
Nas vidas que eu vivi
Nenhum sinal há de ti,
Oh, fugidia amante.
No entanto, tu tocaste
Meu peito constantemente,
E de amores me desfiz.
Sonhos e sonos roubaste
Com a paz da minha mente.
O meu coração à solta
Sem pedir nada de volta,
Entre ditoso e infeliz.
Porém beijar os teus versos
É como beijar tua boca
E ficar embriagado...
Aqui, aos teus pés, te peço
Essa experiência louca
Do amor universal
E incondicional;
Ser por todos eu amado.

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