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quarta-feira, 29 de junho de 2011

MINHAS BÊNÇÃOS - ROD SERLING

Se Monteiro Lobato foi o primeiro escritor que colocou no meu coração o desejo de escrever livros e contos, Rod Serling me inspirou nas artes cênicas. Eles foram e sempre serão faróis para quem sonha em colocar nos personagens falas e ações. Rod, por ser amante da liberdade plena, foi rapidamente rotulado como rebelde e perigoso pelos americanos que roubaram a bandeira dos fundadores do país. Rod facilmente se alinharia entre Jefferson, Emerson e Franklin; teve a infelicidade de nascer séculos depois, no meio de uma nova caça às bruxas.

Este amor pela verdade absoluta o levou ao lado oposto, à ficção desvairada a serviço de uma idéia. É dele a mais talentosa série de TV jamais escrita, Além da Imaginação (Twilight Zone), dos anos 50. Ele exercitou o seu talento em outros programas voltados para o teatro, como Playhouse 90, escrevendo um dos seus mais bem sucedidos roteiros, Réquiem Para um Lutador (Requiem For a Heavyweight):





Entre as obras-primas de Twilight Zone destaca-se uma ferocíssima crítica ao sistema, Uma Parada em Willoughby:




A série gerou até uma das mais populares atrações do parque Hollywood Disney, a Torre do Terror, cujo pré-show apresenta Rod Serling contando a tragédia que atingira um hotel fantasma, e uma família morta numa queda do elevador...


Algumas coletâneas de Além da Imaginação foram lançadas em DVD e são obrigatórias nas prateleiras de espectadores de bom gosto:


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domingo, 26 de junho de 2011

MINHAS BÊNÇÃOS - ARY BARROSO

Esta série fala de personalidades que atingiram a sublimidade durante a minha vida, portanto desde dezembro de 1942 até hoje. O Brasil sempre foi abençoado por um grande número de compositores. Villa-Lobos foi o topo da música clássica e Ary Barroso na música popular. Certamente outros gênios fizeram a nossa passagem pela Terra mais brilhante, como Tom Jobim e Camargo Guarnieri. Mas o querido Ary tem lugar de destaque no meu coração. Não é pela nossa paixão mútua pelo Flamengo, não. É que a minha mãe foi cantora de rádio destacada exatamente pelo Ary, que a chamava de “jambinho da nossa estação”. Poucas coisas me parecem mais tropicalistas! Pois é exatamente esta a chave do Ary. Ele permitia rasgar o coração sem policiamento, chegando (como o Villa) livremente à alma brasileira. Ele tinha de nos deixar no Carnaval, certo?
Minha mãe cantava muito Noel Rosa e Ary Barroso enquanto trabalhava, e eu me acostumei a amar a nossa cultura. O Brasil sempre esteve de portas abertas para o mundo (pelo menos desde 1808), e logo o Ary foi seqüestrado pelo sistema. Os americanos reconheceram nele uma pedra fundamental da América, e lá foi ele, enchendo o coração de uma saudade doída, como eu tive a chance de experimentar em 1992. Só a passagem de um avião da VARIG por cima da minha cabeça me fez voltar correndo. Vamos começar, portanto, a nossa rápida resenha pelo universo do Ary justamente no momento em que a Aurora Miranda, o Bando da Lua e os personagens de Walt Disney cantavam os Quindins de Iaiá:
www.youtube.com/watch?v=ApwsoEsCm70
Agora temos uma série de canções de amor declarado pelo Brasil, começando pelo Rio de Janeiro. Originalmente havia alguns versos que exaltavam o Rio de Janeiro: ‘Para sentir a beleza e a grandeza do meu país basta uma só condição: é ser brasileiro e ter coração... Rio de Janeiro...” (retificando, estas são duas condições, né?) Nesta gravação de Dalva de Oliveira falta a introdução.
www.youtube.com/watch?v=-0w1nEKVr-E  
O segundo hino do Brasil é a Aquarela Brasileira (ou do Brasil), aqui interpretada pela adorável Elis Regina. A gravação tem um rabinho da chatíssima Fascination, mas logo entra um cruzamento Ary e Villa muito interessante:
www.youtube.com/watch?v=nLIaJRSd2q4  
Muitos sambas de exaltação são adorados sem que se conheça o autor, como Isto Aqui O Que É? Vejam a interpretação contida de João Gilberto:
www.youtube.com/watch?v=0QNNchd9pI0
Ary foi também do teatro musical, da revista, que era a TV da primeira idade de ouro da música popular. Os cassinos estavam abertos e ofereciam emprego abundante e um campo de experimentação para nossos artistas. Ele escreveu para os palcos No Rancho Fundo, que trazia uma barbaridade mais ou menos assim: “No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, uma negra, a Raimunda, tem uma mágoa profunda”. Nos bastidores, outro gênio brasileiro, o Lamartine Babo, afirmou: “Ary, você compôs a mais bela música do Brasil, mas pôs os piores versos da História”. O Ary respondeu: “Ah, é? Pois se você fizer coisa melhor, eu ponho você na parceria”. Vamos ver o resultado nas vozes de Chitãozinho e Xororó:
www.youtube.com/watch?v=21O41_zmgww
Maysa interpreta uma das composições mais doloridas do Ary, Três Lágrimas. É claro, com a maestria da inesquecível Monjardim.
www.youtube.com/watch?v=Wk9_AwG-TQ8 
Orlando Silva era um dos ídolos da mãe, e meu também. Ouça a versão quase lírica desta fantástica Terra Seca:
www.youtube.com/watch?v=QJvBM7Md9kI
Voltamos aos tempos das revistas, com gostinho bem popular. Veja Gal Costa e Grande Otelo metendo a mão No Tabuleiro da Baiana. É de dar água na boca.
www.youtube.com/watch?v=QJvBM7Md9kI
Mineiro de Ubá, o Ary logo se apaixonou pelo Carnaval, outra fonte para suas composições. O mundo musical se dividia assim: músicas carnavalescas e meio do ano... Em Grau Dez, Ary faz nova parceria com Lamartine Babo, que chamou o Francisco Alves para gravar esta marchinha campeã:
www.youtube.com/watch?v=I0ubhCPQ6oY
Já a chorosa Risque era “do meio do ano”. Vamos ver como a Daniela Mercury se saiu na interpretação; a original trazia a marca de Linda Baptista.
www.youtube.com/watch?v=-8229ql62QA
A Camisa Amarela é um retrato do malandro carioca, um dos grandes sucessos da Aracy de Almeida. Aqui vemos a interpretação do Casuarina.
 
Deixei para o fim meu querido colega de turma Paulinho da Viola e uma das canções mais pungentes do Brasil, Caco Velho, que fala das dores da velhice.

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