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terça-feira, 24 de maio de 2011

WALT DISNEY

A minha primeira experiência mágica com o cinema está associada ao imaginário de Walt Disney: aos três anos eu via o Pinóquio com sua promessa de que meus sonhos haveriam de se realizar, caso o meu coração estivesse incluído. A força desta imagem suplanta todas as ameaças do fogo eterno e as garantias de salvação da minha alma. Trata-se do aqui, agora; um pouco de ação também se faria necessária, caso a Fada Azul se retardasse um pouco, mas não faz mal. No final das contas a cavalaria celeste trataria de ajustar as coisas. Esta é a minha verdadeira fé, aprendida no templo sagrado do cinema. Eis a lista dos artistas admiráveis dos estúdios nos anos 40 a voz incomparável de Cliff Edwards, de frente para trás e vice-versa: www.youtube.com/watch?v=4hoo2wVqBkM&feature=related
A segunda lição ensinada por Walter Elias Disney foi que a excelência exige todo o esforço, todo o suor do corpo e do espírito. Escrever é re-escrever. Mas há o momento em que o produto tem de ser entregue ao público, como nos despedimos dos filhos quando eles deixam a casa. As opiniões das pessoas podem divergir completamente das suas intenções, pois a arte é polivalente. Ela toma sua forma em cada mente e deixa de ser propriedade exclusiva do artista. Uma das armas de Disney foi a de se antecipar aos desejos humanos. Ele sempre se colocou alguns anos à frente dos seus pares, sem poupar seus colaboradores. Havia um fim a ser alcançado! Para isto ele se rodeou dos melhores em cada setor, seja no desenho, na música, na distribuição, no marketing ou na tecnologia. Ainda que outros diretores tenham se antecipado no lançamento do primeiro longa-metragem (El Apóstol, de Cristiani, Argentina, 1917), do primeiro filme a cores (The Debut of Thomas Cat, de Bray, USA, 1930), eles não tinham por trás a estrutura que manteve à frente os Disney Studios. Assim, diz-se que Branca de Neve (1933) foi o primeiro longa-metragem e Flowers and Trees (1932) o primeiro desenho a cores:


Mas certamente foi Steamboat Willie (1928), animado pelo soberbo Ub Iwerks, que lançou para o mundo não só o Mickey, como o desenho sonoro. O seu lançamento no Teatro Chinês, como complemento ao Cantor de Jazz, jogou todos os concorrentes na pré-história.

Portanto, quando eu acordei para o mundo, já imperava Walt Disney, sentado no trono da magia. Com ele aprendi a amar a música erudita, através de Fantasia...

... ou dos curtas-metragens com este tema:

Nos anos dourados Disney decidiu enfrentar as câmeras da TV. O mundo estava mudando e ele viu que um portal de oportunidades estava se abrindo. Nesta época o parque de Anaheim, Califórnia, estava sendo planejado. Uma nova forma de entretenimento pulava fora das telas para o mundo real, os parques temáticos. Agora, todos os nossos sentidos estão sendo convidados para o desconhecido: 

Como o espaço na Califórnia ficou apertado para expansões, logo surgiu um projeto gigantesco na Flórida, que não para de crescer, o Walt Disney World. Temos aqui os planos para EPCOT: 


Todos nós, mortais, nunca imaginamos que Walt não vivesse para ver a sua maior obra. Mas resta o consolo de que seu espírito está em cada centímetro quadrado das suas obras, mesmo as realizadas após 1966. A mensagem de excelência se materializou em um sistema perfeito (ou como ele mesmo descrevia, “um projeto que nunca estará completo”).

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